"Feliz Natal" ou "Como eu sei que os meus pais quiseram ter filhos"

O meu Natal era um bocadinho diferente do dos meus amigos. Normalmente passávamos o dia 24 em Coimbra e no dia 25 abalávamos para a Nazaré. Esta viagem, para além de cumprir o protocolo familiar e cultural de dar dois beijinhos e desejar "umas festas felizes", serviam para desejar "um dia feliz" a uma das pessoas mais especiais que conheci: a minha avó! A minha avó nasceu no dia 25 de Dezembro e por isso era o nosso "menino Jesus" (nome que por sinal carregava logo a seguir ao seu). Não sei quem se divertia mais com a coincidência, se ela que sempre a conheci como "menina", se nós os netos, que abríamos as prendas com ela e deixávamos ou outros (mais ou menos) adultos de lado!


Ora sendo para mim e para a minha irmã, uma data de cúmulo de comemorações e sendo nós, para além de crianças adoráveis*, mentes inquietas e criativas, arranjámos para este dia uma composição musical que reflectia todo o nosso génio e acutilância. Cientes deste nosso feito em tão tenra idade, repetimos a gracinha, anos a fio, para desconto dos pecados dos nossos progenitores! Ora então, pegando na melodia do famoso "Jingle Bells", criámos a letra que deveria ser cantada, tendo por base este canône natalício. Rezava assim a cantilena:

"Parabéns, parabéns, parabéns à avó,
Parabéns, parabéns, parabéns à avó,
Parabéns, parabéns, parabéns à avó,
Parabéns, parabéns, parabéns e feliz Natal"**

Nesses idos anos 80 e quiçá primeiros de noventa, não existia a A8, que nos deixa na Praia bem mais rapidamente do que no passado, por isso, os cerca de 40 minutos que levavam a percorrer a distância entre a Marinha Grande e a entrada no Calhau, eram feitos ao som das nossas vozes. Acredito que os meus pais nesses momentos, procurrassem encontrar no fundo do seu coração, o porquê de carregarem duas parasitas no banco de trás, que além de lhes sugarem os recursos, usurpavam sem qualquer tipo de parcimónia a sua paciência!

Se isto não é uma prova de amor parental, não sei o que seja!

Feliz Natal a todos... que estão agora um pouco mais felizes, por não terem que gramar com a cantoria!

* haverá com certeza quem discorde, mas a ditadura da blogosfera permite-me dizer isto impunemente.
** por vezes entrecalada por outra música também de nossa autoria "Nazaré pum pum, Nazaré tic-tac" mais reservada contudo, para a época estival e cantada sobre o "Alecrim aos molhos":
"Nazaré, Nazaré pum-pum,
Nazaré pum-pum,
Nazaré pum-pum,
(bis)
Ai Nazaré, Nazaré tic-tac
Nazaré tic-tac
Nazaré tic-tac
(bis)"

Comentários

  1. Ainda estou em choque com o Nazaré pum-pum, mas um Feliz Natal de qualquer modo!

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  2. Ninguém merece ter que gramar com o Nazaré pum-pum!!!
    É a vidinha!

    Feliz Natal!

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