E agora o que é que eu lhes digo?


Os meus (quase) 36 anos de vida ainda não me ensinaram muita coisa mas havia uma convicção (ou será resignação) que tinha: éramos pequeninos. Um país pequenino no canto da Europa. Há um certo conforto nisso. Não se espera muito de nós e felizmente o nosso passado é grande o suficiente para nos dar a sombra necessária para não nos sentirmos medíocres. Por isso, chegar a meio da tabela já era como se tivéssemos ganho e os segundos lugares e "quases" servem de consolo. Este cenário é tão confortável que o adoptei para mim (e é sem orgulho e com uma enorme vontade de mudar que o digo). Faço o suficiente por não desiludir e se isso me levar a algum lado já acho que é um bónus. Tudo batia certo no "país do conforto" quando, de um ano para o outro, tudo muda: temos o Guterres a ser eleito uma das figura mais importantes do planeta, temos a selecção a ganhar o Europeu, agora ganhámos a Eurovisão a que se soma o 36.º campeonato do meu Benfas que ao mesmo tempo também é Tetra. Tudo miragens até há meia dúzia de anos. O caraças é que agora, de repente, fico sem o argumento do "assim-assim", do "não deslumbra mas também não desilude", do "já não é mau". Sim, porque tenho um ser pensante em casa, a que em breve se somará outro, e como é que eu as convenço, a elas que ainda só conhecem um país vencedor, a tentar serem outra coisa que não as melhores e a acreditarem que têm boas chances para o serem? Como é que eu posso querer que elas trabalhem para isso (sim, porque tirando o milagre de Fátima, tudo o resto veio com muito trabalho) se eu não der o exemplo? Estou tão tramada... e tão orgulhosa e tão inspirada! Ainda é estranho levantar a cabeça e encher o peito por sabermos que somos bons mas acho que rapidamente me vou habituar. Ou, como diria um outro grande senhor da música, "eu só sei crescer" (a música preferida da mais velha).

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